Morgado reabre segundo processo
Pinto da Costa recebeu árbitro em casa, poucos dias antes do jogo. Depoimento de Carolina foi decisivo. Defesa vai reclamar para o PGR Este é o segundo processo arquivado que a magistrada ressuscita e que também envolve Pinto da Costa. O caso relativo ao jogo Beira-Mar/FC Porto, realizado a 18 de Abril de 2004, a contar para a Super-Liga Galp Energia, agora reaberto, tinha como arguidos, além do presidente portista, o empresário de futebol, António Araújo, o árbitro Augusto Duarte e o auxiliar Perdigão da Silva . Em causa está o facto de o empresário António Araújo ter levado o árbitro Augusto Duarte ao encontro do presidente do FCP, na casa deste último, em Gaia, a dois dias da penúltima jornada que culminou com o título de campeão nacional para os azuis e brancos.
Depoimento de Carolina decisivo
De acordo com informações recolhidas, os depoimentos de Carolina Salgado foram decisivos para a reabertura de mais um processo. Recorde-se que já no livro «Eu, Carolina» publicado em Dezembro, a ex-companheira de Pinto da Costa referira que «os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte, entre outros, eram visitas de nossa casa, sempre trazidos pelo António Araújo. Bebiam café e comiam chocolatinhos.» E acrescentava que, «ao contrário dos seus colaboradores fascinados pela impunidade do mundo em que operavam, o Jorge Nuno nunca falou com um árbitro ao telefone, nem precisava de o fazer, visto que eles iam lá a casa confraternizar».
Arguidos notificados
O advogado de Augusto Duarte referiu já ter sido notificado da reabertura do processo, revelando a intenção de «reclamar hierarquicamente» dessa decisão. O advogado de Pinto da Costa está «no estrangeiro», segundo informaram do escritório.
«Cafezinho e conversa sobre nada»
Quando foi ouvido em interrogatório judicial, em Gondomar, Augusto Duarte não soube explicar por que motivo se deslocou a casa de Pinto da Costa na antevéspera do jogo, tanto mais que afirmara nem sequer ter intimidade com o líder portista. Na versão do presidente do FCP, o encontro teria sido motivado por «um cafezinho e uma conversa sobre nada». Por esclarecer ficaram igualmente as razões de nas conversas telefónicas, interceptadas pela PJ, entre Araújo e Duarte, o presidente do FCP aparecer referido como «gerente de caixa », «engenheiro máximo » e «número um », bem como o motivo que levou o árbitro a dizer ao empresário «temos que ver aquele negócio».
O jogo saldou-se por um empate 0-0 e nessa sequência Pinto da Costa é escutado a conversar com o então presidente do Conselho de Arbitragem da Federação, Pinto de Sousa, a quem diz que o árbitro «também não esteve mal mas não deu cheirinho nenhum, nada » «Só nos deixou passar uns livres, o gajo ».... ehehehehehe
No entendimento do procurador adjunto Carlos Teixeira, que extraiu a certidão enviada para a comarca de Gaia, António Araújo, Pinto da Costa e Pinto de Sousa teriam praticado crimes de corrupção desportiva activa (o último como cúmplice) e os árbitros seriam co-autores de um crime de corrupção desportiva passiva.
Arquivado por falta de indícios
O processo foi arquivado pelo Ministério Público de Gaia ,.. ehehehehehehe ... em 2006, por falta de provas, apesar de o procurador ter referido no despacho de arquivamento que «o quadro de facto que se traçou consente perfeitamente que tal tivesse acontecido [as contrapartidas]», mas sem indícios suficientes para, em sede de julgamento, conduzir a uma pena ou medida de segurança. Recorde-se que o depoimento de Carolina Salgado já tinham conduzido à reabertura do chamado «caso das prostitutas», envolvendo Pinto da Costa, António Araújo e o árbitro Jacinto Paixão, entre outros, no jogo Porto Estrela da Amadora, realizado a 24 de Janeiro de 2004.
Os dois processos poderão agora conduzir a uma acusação.
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