A abertura deste espaço, tem como principal razão de ser a denúncia de todos os casos de corrupção, que se têm verificado através da viciação do "SISTEMA" que o Dr. Dias da Cunha, corajosa e persistentemente denunciou. Até aprece que querer que exista VERDADE DESPORTIVA é ... vergonha. Enfim, agora que se sabe que entre outros favores aos árbitos, para além de peças de ouro e sem falar de viagens ao Brasil, há favores sexuais que envolvem vários dirigentes e árbitros internacionais e de meia tigela, e que têm servido de suporte aos bons resultados de alguns, não nos podemos admirar que nos últimos 20 anos os campos estejam inclinados e tenham sido o FCPorto e o sr. Pinto da Costa os maiores beneficiários. A OPERAÇÃO "APITO DOURADO" não sei se será ou não bem sucedida naquilo que TODA A GENTE SABE. No entanto, teve o condão de trazer à luz do dia muitos nomes, poucas vergonhas, batota, mentira, roubo, telemóveis e, MUITA COISA MAIS que andava escondida. Está aberta a caça! Ou estava, a justiça tem destas coisas. E o que é engraçado também no meio de tudo isto, é ver o sr. Luis Filipe Vieira, anafado e literado presidente do Benfica a deitar baba e ranho sobre os telefonemas e a promiscuidade do FCPorto e Pinto da Costa, quando ele próprio andou embrulhado com telefonemas a escolher árbitros. E o Dr. João Rodrigues ... sabem todos quem é. não sabe?
Pelo menos os telefonemas existiram, esses ninguém pode provar que não existiram.
São um facto indesmentível!

terça-feira, 26 de abril de 2005

Tragicomédia indecorosa

Deve ser desmoralizador ver o nome associado ao lado mais negro, mas também mais constantemente genuíno, do nosso futebol: aquele onde se cruzam, em teia vastíssima, influências e jeitinhos, favores, recomendações e cunhas, coisas rasteiras e tão mesquinhas.
E isso daria matéria de estalo para uma série de programas cómicos na moda, daqueles que duram e duram e duram
1 - Pronta que está a recolha de material, que há-de servir de base à acusação no processo do Apito Dourado, confesso-lhes a minha mais absoluta descrença quanto às consequências penais da matéria arrolada. Para lhes ser franco, adianto-lhes até que só me chocou a natureza indecorosa de alguns factos indiciados e entretanto divulgados.
O resto, pouco releva da mesquinhez de intenções, que a «vox populi» há tanto e tanto tempo associa a certos figurões da bola.
2 - Por isso e mais do que carrear argumentos para justificar sanções penais graves a este ou àquele - máxime a privação da liberdade - o que este processo parece pronto a tornar-se é numa hilariante tragicomédia, na linha das rábulas permanentemente em cena no nosso pequeno teatro indígena.
3 - Assim, mesmo falando-se de suspeitas quanto a um ou outro resultado, não me parece que sejam razões exclusivamente futebolísticas a ditar problemas de maior seja a quem for. Esses, a acontecerem, só noutra sede, se os tribunais avançarem sobre eventuais interesses ilícitos associados ao futebol e que se traduzem em cifrões quando cruzados, por exemplo, com os que medram à sombra das autarquias.
4 - A maior parte dos implicados neste processo está lá por miudezas. O problema é que são uns 200 os membros da nossa tribo apanhados na teia. E isso é muita gente, considerando que a tribo é pequena, funciona normalmente em circuito fechado e todos somos lá primos e primas. Ou seja: não havendo nenhum futebolista no rol (e isso é de destacar!), dava para constituir umas 18 equipas, tantas quantas concorrem aos campeonatos profissionais.
E ainda sobram uns suplentes.
5 - Do mal o menos: tirando este ou aquele árbitro referido no processo (e são poucos, além de que quase irrelevantes...) a larga maioria dos envolvidos é gente que apenas circula na orla dos campos , fora portanto dos lugares de culto da nossa religião. O que pressupõe um abalo menor, para a estrutura do conjunto, se algumas destas maçãs podres foram despejadas do saco e varridas de cena.
6 - Não obstante e mesmo que ninguém vá parar com os ossos à cadeia, é um dado adquirido que, depois disto, nada ficará como dantes no futebol português. Já se defende, e eu não discordo, que o campeonato principal já está tão igualado, justamente porque o apito actualmente mais em uso é o dourado.
Outras consequências? O certo é que muita gente vai ficar sem condições morais para continuar no futebol.
7 - Pode nem ser por nenhuma razão em especial, mas deve ser desmoralizador ver o nome associado ao lado mais negro, mas também mais constantemente genuíno, do nosso futebol: aquele onde se cruzam, em teia vastíssima, influências e jeitinhos, favores, recomendações e cunhas, coisas rasteiras e tão mesquinhas.
E isso, se pouco valerá em juízo, daria sem dúvida matéria de estalo para uma série de televisão, ou para programas cómicos na moda, daqueles que duram e duram e duram.
8 - Recordam-se do capitão Roby, produzido pela SIC e que ainda anda a ser repetido? Pois troquem-no por aquele árbitro que pedia um «rebuçado » para passar a noite, destaquem a eficiência com que o pedido foi atendido e sublinhem as expectativas de que, assim adoçado, ele facilitaria uma vitória, para se avaliar do alcance cénico da coisa.
9 - Também há o lado dramático, de ameaçarem ruir algumas pedras basilares em que assentava o sistema. Inclusive, figuras que anos e anos nomeámos como soluções únicas e infalíveis para todos os males da bola e que, afinal, parecem não tão infalíveis como isso. Às vezes só por não saberem dizer que não, ou não serem capazes de resistir à cunha, ao pedido e ao jeitinho.
10 - Mas a haver série televisiva, que daqui vivamente recomendo, não se esqueçam porém de que o grande final, apesar de se tratar de coisas da bola, não pode ser com penaltis, ou golos mais ou menos encomendados. Só pode ser a chegada a um certo quadro de certo hotel, das duas medidas de café e de leite, que determinado personagem encomendara e um prestimoso empresário pediu autorização a quem de direito para combinar na proporção adequada.
Se fosse eu o argumentista, garanto-lhes que só hesitaria num ponto, ao escrever o grande final: entre saber se encomendas seriam entregues pessoalmente pelo mandante, ou pelo mandatário.
Daniel Reis

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