MARINHO NEVES, EX-JORNALISTA PROMETE LANÇAR UM LIVRO SOBRE O APITO DOURADO
O ex-jornalista Marinho Neves, que se auto-intitula o maior conhecedor do fenómeno da corrupção desportiva em Portugal, promete lançar um livro com factos reais, logo que termine o segredo justiça no processo Apito Dourado. Neves, autor do livro "Golpe de Estádio" - um romance ficcionado sobre a corrupção no futebol português e que hoje relançou, passados 11 anos da primeira publicação -, considera que o documento "será histórico para o futebol português".
"Trabalhei sempre em investigação em relação à corrupção no futebol português. Conheço os meandros e bastidores e acho que, até melhor do que a Polícia Judiciária, poderei entender aquilo que foi ouvido e gravado", frisou o ex-jornalista.
Marinho Neves considerou que há ligações que "o público não entende e que a própria PJ não entende porque não conhece as pessoas e não sabe o valor que têm na estrutura do futebol português", mas que os fenómenos de corrupção de há 11 anos são os mesmos de agora.
"São os mesmos processos de corrupção que conhecemos através do processo Apito Dourado e agora começam a aparecer nomes e factos", sublinhou o ex-jornalista, acrescentando que o processo "Apito Dourado" teve o mérito de trazer à luz muita informação.
No livro "Golpe de Estádio", hoje relançado, Marinho Neves conta em forma de romance ficcionado casos de corrupção no futebol português que já envolviam nos anos 90 a compra de árbitros, tráfico de influências e negócios de prostituição. A nova edição do livro, sob a égide da editora Terramar, foi justificada pela solicitação constante de novas cópias e pelo mercado que o livro começou a gerar, com publicações na Internet e em blogues e, sobretudo, devido à actualidade do Apito Dourado.
Neste relançamento, o jornalista contou ainda a sua passagem pelo Sporting, em 2000, onde trabalhou em investigação para Dias da Cunha e esteve sempre a par dos jogos de bastidores e influências de poder, alertando o clube de Alvalade para isso."A minha missão no Sporting era continuar a investigação nos corredores do futebol e fazer relatórios periódicos dando conta do que tinha averiguado. De os avisar dos perigos que corriam e dos caminhos a percorrer para se libertarem das pessoas que tinham poder".
Marinho Neves frisou que Dias da Cunha foi o dirigente "mais honesto" que conheceu e que a partir do momento em que este deixou o clube não fazia sentido continuar com dirigentes que não pretendiam seguir o mesmo caminho. "O meu mal foi quando comecei a adiantar investigações e percebi que elas estavam a cair dentro do Sporting. Alguns dos meus relatórios já eram lidos no Norte. Era grave, pois eram pessoas do Sporting que os faziam saltar cá para fora", acusou. O ex-jornalista deu como exemplo do seu trabalho em Alvalade o recolher de informações que previam os árbitros para um jogo "grande" e o encontro que o antecedia e a informação dos futebolistas "leoninos" a serem expulsos.
Em foco da parte do ex-jornalista esteve ainda a entrevista em que Dias da Cunha referiu que Pinto da Costa e Valentim Loureiro eram "os rostos do sistema", em Março de 2004, um mês antes de "rebentar" o Apito Dourado, envolvendo ambos os dirigentes.
A finalizar, o ex-jornalista disse acreditar no trabalho de Maria José Morgado e da equipa que trabalha com ela, embora as pessoas não possam esperar milagres perante "uma justiça portuguesa por vezes 'sui generis'". Marinho Neves disse também que "as pessoas esperam que com a queda de Pinto da Costa haja mais tranquilidade", mas alertou, sem falar nomes, que "já há aí uma quadrilha para tomar conta do futebol português e alguns até são amigos dele (de Pinto da Costa)".
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