COMARCA DO PORTO É A RECORDISTA A RECEBER CERTIDÕES EXTRAÍDAS DO CASO DE CORRUPÇÃO NO FUTEBOL
O processo Apito Dourado estilhaçou e transformou-se em 81 pequenos inquéritos que irão correr em diferentes comarcas espalhadas pelo país.
O procurador-geral da República, Souto Moura, adiantou, ontem, este facto, através de comunicado, confirmando ainda a acusação a 29 arguidos, respeitante ao caso de corrupção no futebol do Gondomar e outros pequenos clubes do mesmo concelho.
Entre os acusados, tal como já noticiado, estão o autarca Valentim Loureiro, dirigentes da arbitragem e de clubes e árbitros. Esta acusação refere-se não só a casos de eventual corrupção em torno do Gondomar Sport Clube mas também em redor de pequenos clubes, como o Sousense. De acordo com informações recolhidas pelo JN, das comarcas que receberam mais certidões a do Porto é a recordista, com cerca de dez casos distintos, seguindo-se Lisboa e o próprio Ministério Público (MP) de Gondomar.
Entre estas certidões está o caso da noite do jogo F. C. Porto-Amadora, em que terá havido um encontro de árbitros com prostitutas e uma situação de alegado ilícito fiscal ocorrido aquando da transferência do jogador Pepe do Marítimo para o F. C. Porto .
De resto, comarcas como Leiria, Madeira, Setúbal, Braga, Évora, Beja ou Aveiro vão receber também um manancial de certidões. Ainda segundo apurámos, estas certidões não vão ser alvo de qualquer tipo de acompanhamento especial por parte da hierarquia do MP, uma vez que, na esmagadora maioria dos casos, tratam-se de situações sem conexão. O andamento dos processos vai andar segundo a livre vontade dos respectivos magistrados.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma o arquivamento de 127 suspeitas de ilícitos criminais, das quais 94 respeitam a jogos de futebol. Mas isto refere-se a situações apuradas no país inteiro e não só a situações investigadas em Gondomar. "Sobre tais jogos recaiu análise cuidadosa quanto ao seu desenvolvimento incluindo o desempenho da arbitragem", diz o comunicado.
"A partir da abordagem daquelas cento e vinte e sete situações puderam formular-se, a respeito de cada uma, juízos quer de insuficiência de prova quer mesmo de inexistência de qualquer infracção penal", acrescenta. Face a esta informação da PGR, alguns árbitros que foram impedidos de apitar põem a hipótese de processar o Estado.
A notificação da acusação aos 29 arguidos vai ainda demorar alguns dias, dado o número de certidões que têm de ser extraídas. No total, como já adiantou o JN, o despacho, da responsabilidade do procurador adjunto Carlos Teixeira, tem mais de mil folhas, incluindo as partes referente à extracção das 81 certidões, arquivamentos e acusação. Juíza manda apagar escutas que julga não terem interesse
A ainda juíza de instrução criminal do Apito Dourado decidiu mandar apagar dos CD-ROM as intercepções telefónicas que julga não terem interesse para o processo. Disso notificou, ontem, os 16 arguidos que tiveram os seus telefones sob escuta. Acontece, porém, que a medida de Ana Cláudia Nogueira está a ser veementemente contestada pelos advogados dos arguidos, que consideram que algumas das conversas que a juíza pensa não terem interesse sejam, afinal, fulcrais para a defesa, uma vez que podem enquadrar e contextualizar outras conversas avaliadas como indícios de crimes.
Tencionam, por isso, recorrer da decisão.
Entre os arguidos notificados estão Pinto da Costa , Valentim Loureiro, José Oliveira, Pinto de Sousa, António Henriques, Castro Neves, Francisco Costa, João Loureiro, António Araújo , Pedro Sanhudo, Vasco Vilela, Mário Graça, Júlio Mouco, Paulo Paraty, Luís Nunes e Martins dos Santos.
Sem comentários:
Enviar um comentário