Polícia Judiciária soube, em 2000, que o presidente de um clube com um "passado indicioso de práticas imorais e pouco abonatórias da sua integridade" telefonou a um árbitro que dirigia jogos da I e da II Liga para o tentar aliciar.
O dirigente em questão chegou mesmo a exigir o "pagamento de algo" que havia sido acordado no ano anterior.
Este episódio consta de um comunicado da Comissão de Arbitragem da Liga que foi enviado aos juízes em Outubro de 2000 e que não refere os nomes dos envolvidos.
Foi José Luís Tavares, presidente da CA da Liga entre 1996 e 2001, quem o contou à PJ, algum tempo depois de ter informado os juízes do que aconteceu.
"Confirmo que esse comunicado foi feito em Outubro ou Novembro de 2000 e enviado aos árbitros. Algum tempo depois, já eu tinha saído da Liga, soube que as autoridades avançaram com o processo Apito Dourado", disse José Luís Tavares, garantindo não se lembrar dos nomes do árbitro e do dirigente envolvidos no telefonema.
No comunicado - que chegou a ser discutido, em Leiria, numa reunião de árbitros em que estiveram presentes os dirigentes da CA da Liga José Luís Tavares, Nemésio de Castro e o falecido José Guedes, a CA fez questão de enaltecer o facto de o juiz ter denunciado a situação por que passou e por ter "despachado o senhor" dirigente.
"Dissemos ao árbitro que ao informar-nos do sucedido a sua responsabilidade no assunto terminava ali e assim aconteceu", pode ler-se na carta enviada para a residência dos juízes que, em 2000, dirigiam jogos da I e II Liga.
O facto de ter sido possível identificar o autor do contacto, segundo a CA da Liga, deveu-se a que o seu número de telefone ficou registado no telemóvel do árbitro.
Lucílio Baptista, Vítor Pereira e Jorge Coroado foram três dos árbitros que receberam o comunicado, onde também consta um alerta: "(...)Todos aqueles que receberem mensagens duvidosas (...) de dirigentes de clubes e não informarem a Comissão de Arbitragem tornam-se coniventes de práticas incorrectas. "Reacções:
LUCÍLIO BAPTISTA - ÁRBITRO (Arguido do processo 'Apito Dourado')"Não se chegou a saber quem eram os implicados". (...)
VÍTOR PEREIRA - EX-ÁRBITRO" (...) Nunca soube quem foi o dirigente nem o árbitro."
JORGE COROADO - EX-ÁRBITRO"Ninguém nos disse os nomes dos implicados. (...) a Comissão de Arbitragem não foi clara na forma como expôs a situação"
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